Presente em cerca de 300municípios gaúchos, com mais de 10 mil produtores, grande parte deles ligada aagricultura familiar, a suinocultura do Rio Grande do Sul é responsável hojepor 34% da carne suína produzida no Brasil. Entretanto, a atividade passou pordificuldades em 2012, com embargo russo que durou 17 meses somado a estiagem,que quebrou as safras de milho e soja no Estado – principais insumos quecompõem a ração – em 50% e 48%, respectivamente, o que elevou os custos deprodução.
Como resposta às dificuldades dossuinocultores gaúchos vividos em 2012 e em reconhecimento à importância dacadeia produtiva da suinocultura no estado, o governo do Rio Grande do Sul criapor meio de Decreto de número 49.831 de 14 de novembro de 2012 um Grupo de Trabalhomultidisciplinar composto pelos representantes das Secretarias de Estados,movimentos sociais e entidades do setor suinícola com a finalidade de elaborarações destinadas à inserção da carne suína em refeições institucionais, aquelasservidas em escolas estaduais, presídios, quartéis e hospitais do estado. Otrabalho do grupo será realizar o diagnóstico do mercado e oferecerpossibilidades de cortes e logística, além de proporcionar treinamento paramerendeiras e nutricionistas, sobre o preparo da carne suína.
Com intuito de colaborar com aspesquisas e estratégias do Grupo, a coordenadora nacional do Projeto Nacionalde Desenvolvimento da Carne Suína (PNDS), Lívia Machado, esteve presente noencontro realizado nesta terça-feira, 15, para apresentar os cases de sucessodo projeto nos diversos nichos, como merenda escolar, hospitais e presídios.“Ao longo de três anos atuamos em diferentes nichos e ganhamos experiência nainserção da carne suína em locais onde a proteína tem pouca penetração,identificando gargalos e necessidades de cada setor. Apresentamos os cases jáfeitos via PNDS para que comprovassem que a carne suína é muito bem aceitapelos alunos, nos restaurantes populares e em sistemas prisionais aonde jáforam feitas experiências nesse sentido. Obtivemos sucesso em Minas Gerais,Espírito Santo e também no Rio Grande do Sul”, comenta a coordenadora. Líviadestacou também a presença de profissionais representando grupos de comprascoletivas de proteínas dos estados, além de empresários de agroindústrias doestado, todos dispostos a somar esforços e solucionar gargalos. A coordenadoraacrescenta ainda que a iniciativa do grupo é “fantástica” e um exemplo a serseguido em outros estados. “Estamos muito confiantes nos exemplos que sairãodesse trabalho iniciado pelo GT e seguiremos como parceiros”, explica.
Para o presidente da Associaçãodos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, apresença da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos por meio do PNDSesclareceu dúvidas e ofereceu ainda uma base para que se tenha condições deacertar na implantação do projeto. “Obtivemos uma receptividade muito boa dasinstituições públicas para com o incremento da carne suína no cardápio".
Composto por representantes dasSecretarias da Agricultura, de Recursos Humanos, Educação, Saúde, Segurança,MAPA, Emater, Fiergs/Conagro, Famurs, Sips, Acsurs e Fundesa, o Grupo deTrabalho terá seus esforços voltados para a Superintendência dos ServiçosPenitenciários (Susepe), viabilizando o incremento da compra institucional decarne suína para os presídios e penitenciárias das regiões de Passo Fundo eErechim por meio do Programa Fornecer RS já no ano de 2013. Segundorepresentantes da Susepe, o incremento do consumo deve ocorrer a partir de abril,quando a aquisição deve saltar dos atuais 500 quilos para duas toneladas. Hoje,a carne suína é servida uma vez por mês e a meta visa o consumo uma vez porsemana. O diálogo também iniciou com a Secretaria de Educação, o que deveaumentar ainda mais os números. A população escolar a ser atingida é estimadaem 2 milhões de estudantes, ou 200 mil refeições por dia. O sistema de saúde eos quartéis também serão incluídos no plano.
O resultado da análise seráentregue até março para apreciação do governador Tarso Genro. No estudo, devemconstar a definição das cotas per capita e tipos de corte e preparo maisadequados a cada instituição, as formas de viabilização da compra e aproximaçãoda cadeia produtiva e o mercado institucional, apresentação de aspectosnutricionais da carne e a análise da legislação pertinente ao assunto. “Vamosidentificar quais são as políticas públicas e os mecanismos e que podem seracionados para viabilizar esse plano, sem que sejam necessários quaisquer tiposde acréscimos nos gastos governamentais”, resume o secretário-adjunto deAgricultura, Cláudio Fioreze.
O diretor-executivo do Sips,Rogério Kerberm diz que as cooperativas estão preparadas para atender à demandade carne, inclusive dos seus derivados. “Elas estão dispostas e têm condiçõesde atender a logística de venda e distribuição que ficarem definidas”, afirmaKerber.
A estratégia pode ser estendida aoutras cadeias produtivas. A medida de aumentar o consumo de carne suína emrefeições institucionais é um projeto-piloto. A intenção da Secretaria deAgricultura do Rio Grande do Sul é estender a medida para outras cadeiasprodutivas tipicamente gaúchas. Após avaliação do projeto, iniciativasparecidas devem ser desenvolvidas, ainda ao longo deste ano, em culturas de feijãoe arroz e na produção de leite.
Fonte: ABCS