
Na família Slaviero cooperados de Caibi, SC, encontramos uma história muito bonita, de superação e sonho realizado. Em seu depoimento, a mamãe Diana nos mostra a maternidade não depende de gestar e parir. Para tornar-se mãe, é preciso, acima de tudo, abrir o coração.
Nos casamos cedo, e sempre quisemos muito ter filhos. Quando descobrimos que não poderíamos ter foi um choque. Na época estávamos com vinte e poucos anos. Por duas vezes tentamos pelo caminho da inseminação, mas não deu certo. O próximo passo, segundo os médicos, seria a fertilização. Mas não tínhamos condições financeiras para este procedimento. Então, eu meu marido, Gelso, sentamos e amadurecemos a ideia da adoção. Já tínhamos conversado sobre isso antes e a decisão foi muito natural para a gente, pois temos outros casos de adoção na família. Mas, decidir foi só o início do processo. Naquela época, os processos de adoção ainda eram segmentados por estado, então, entramos com a documentação em Santa Catarina, São Paulo, pois trabalhamos lá por alguns anos, e Mato Grosso, onde moram meus cunhados e que foram incentivadoras desse nosso sonho. Queríamos uma menina, recém-nascida. Entramos no cadastro de adoção e pelo acompanhamento de psicólogos e orientação da assistência social do fórum da comarca de Palmitos. Só que a lista de adoção é grande, e a espera também foi. Se passaram oito anos, até que, no dia 18 de abril minha cunhada do Mato Grosso ligou dizendo que havia uma mulher grávida de alguns meses, e que não ficaria com o bebe. O juiz solicitou que entrassem em contato conosco, a criança nasceria em julho. Naquele momento, não podia me conter em felicidade, eu seria mãe. O fato de ser um menino, e não uma menina, não importava mais para nós. Dissemos ‘sim’ para o Gabriel. A partir de então, iniciou mais uma etapa. Uma mistura de ansiedade, medo, felicidade tomou conta. Acho que todas as mulheres passam por um turbilhão de emoções quando descobrem que serão mães. Mas a assistente social pediu para termos calma, nos casos de adoção a mãe biológica pode desistir de entregar o bebe, e aí tudo mudaria. Quando viajamos até o Mato Grosso, dias antes do bebê nascer, não sabíamos se de fato ele voltaria para casa conosco. Essa ideia me atormentava o coração, pois eu já me sentia mãe dele. Apesar dos conselhos de não organizarmos enxoval, não me contive, e levei algumas roupinhas na bagagem sem ninguém saber. Ficamos hospedados na casa dos meus cunhados, quando fomos avisados que naquele dia seria o parto. A ansiedade tomou conta. Será que vai dar tudo certo? Será que ele vai nascer com saúde? Será que vou poder segurá-lo no colo e dizer ‘filho, eu te amo’? Será...? Até que o juiz ligou avisando: ‘Nasceu’. Em virtude do processo de adoção, eu e meu marido não podíamos ir até o Hospital. Minha cunhada foi. Os momentos que se passaram foram um borrão, até que vi o Gabriel entrando pela porta nos braços da minha cunhada. Naquele momento, tudo tomou forma. Eu e meu marido choramos copiosamente com o Gabi nos braços. O vínculo de pais e filhos se formou ali, nossa família estava completa. O amor e a felicidade que sentíamos transbordava. Hoje o Gabi está com oito anos de idade. Nunca escondemos a história dele. Muito pelo contrário, ele sabe de tudo e um dia poderá tomar suas próprias decisões sobre conhecer ou não sua família biológica. Optamos por ter somente um filho, mas, eu faria infinitamente, passaria por todos os processos de novo, para ter o Gabriel conosco. A verdade é que, o fato de eu não ter gerado o Gabi dentro da minha barriga é só um mero detalhe, pois honestamente, isso não faz diferença nenhuma. Aliás, ele foi sim gerado dentro de mim, desde soube que ele viria, ele foi gerado dentro do meu coração.Leia a Revista Cooper A1.