Após duas safras recordes (uma jáconfirmada, no ano passado, e outra prevista para este ano), o Brasil deveultrapassar os Estados Unidos e assumir, pela primeira vez, o posto de maiorexportador mundial do cereal na temporada 2012/13. A avaliação foi feita peloUSDA, o departamento de agricultura norte-americano, durante AgriculturalOutlook Forum, o fórum mundial do agronegócio, que ocorreu na semana passada emArlington, estado da Virgínia (EUA).
Segundo o órgão, que considera naprojeção o ano fiscal norte-americano (outubro de 2012 a setembro de 2013), asvendas externas de milho dos EUA devem levar um tombo de 38% em 2013 e recuarao menor patamar desde o início dos anos 70. Nas contas do USDA, serão 24milhões de toneladas dos EUA contra 24,5 milhões de toneladas do Brasil. “Nosúltimos quatro meses, o Brasil exportou cerca de 14 milhões de toneladas, maisdo que o dobro dos embarques dos EUA no mesmo período”, sustenta o documentodivulgado durante o fórum.
“Os números previstos para 2013refletem a magnitude da seca de 2012 no balanço de oferta e demanda dos EUA”,pontuou Joseph Glauber, economista-chefe do USDA. Segundo ele, apesar dasvendas fracas, os preços nos EUA ainda são pouco competitivos no mercadomundial, o que justifica em parte o desempenho.
“Devido aos recordes de produçãoe à demanda interna mais baixa, que aumentou seus excedentes exportáveis, oBrasil vai ultrapassar os EUA como maior exportador mundial de milho. Será aprimeira vez em quatro décadas que cederemos o posto”, observou Glauber.
Além do Brasil, osnorte-americanos também enfrentam forte competição de Argentina e Ucrânia.Juntos, os três concorrentes dos EUA devem responder por 41% das exportaçõesmundiais, contra 18% dez anos atrás.
Mas a liderança brasileira deveter vida curta. Segundo Glauber, “os EUA provavelmente irão recuperar suaposição de maior exportador de milho no ano fiscal de 2014”. Na avaliação doUSDA, o plantio recorde esperado para o ciclo 2013/14 e um clima mais favorávelàs lavouras devem permitir ao país recompor seus estoques e retomarcompetitividade no mercado internacional no próximo ano.
O excedente de milhonorte-americano, que recuou ao mais baixo patamar em 17 anos na temporadapassada, deve triplicar neste ano, chegando a 55 milhões de toneladas – o dobrodo nível considerado confortável.
O alívio no abastecimento deveresultar em forte pressão sobre os preços. “As vendas antecipadas darão algumsuporte de renda aos produtores, mas no pico de colheita [entre outubro enovembro] as cotações devem cair para perto de US$ 4”, estima o relatório doUSDA. O preço médio do bushel (25,4 quilos) da temporada 2013/14 está projetadoem US$ 4,80, queda de US$ 2,40 com relação ao valor médio da safra 2012/13.
Fonte: Gazeta do Povo