Os produtores do Alto Vale doItajaí, em Santa Catarina, já calculam os prejuízos causados pelo tempoinstável, que não deixou as cebolas não se desenvolveram corretamente. A regiãoé responsável por 70% da produção catarinense, e esta já é a pior safra dosúltimos doze anos no estado. No município de Ituporanga, foram colhidas cercade 50 toneladas a menos do que o esperado.
Antônio Mees produz cebolas háquarenta anos em Ituporanga, e calcula que nesta safra terá um prejuízo de pelomenos R$ 80 mil. A perda só não será maior porque Antônio é um homem precavido."A cada cinco dias que não chovia, a gente irrigava, onde que eu conseguiesta produção que tem hoje. Se não fosse a irrigação, eu teria ficado com umprejuízo maior ainda", afirma.
De acordo com o engenheiroagrônomo Édio Sgrott, a produtividade dessa safra foi prejudicadaprincipalmente pelas ocorrências de granizo e pelos períodos secos. "Foramprejudicados, principalmente, aqueles agricultores que não têm sistema deirrigação ou não tem reservatório de água suficiente para a produção",explica.
Com queda na safra de Santa Catarina, Brasil terá que importar cebolada Argentina
Outro problema é que durante boaparte do verão, Santa Catarina abastece sozinha todo o país. Sem a cebolapadrão no mercado nacional, a importação da cebola argentina deve serantecipada. "A gente não tem informações precisa da qualidade deste bulbo,que está vindo da Argentina, mas com a diminuição da oferta de cebola do estadode Santa Catarina, a tendência dos próximos meses é que aumente a importação daArgentina", acredita Sgrott.
Em todo o estado, agricultoresesperavam produzir 320 mil toneladas das chamadas cebolas de caixa 3, mas estaprodução caiu praticamente pela metade. Elas têm entre cinco e sete centímetrosde diâmetro e são preferência no Brasil. Com a produção deste tipo de cebola embaixa, o preço acabou subindo. O quilo está sendo vendido, em média, a R$ 1,5.
Apesar do aumento do preçoparecer uma vantagem para os agricultores, eles não têm como suprir a demanda.E na contramão, a safra das cebolas de caixa 2 cresceu nos últimos meses. Elastêm entre três e cinco centímetros de diâmetro. Além de menores, elas nãoagradam o consumidor brasileiro, que está acostumado com as cebolas um poucomaiores.
Fonte: G1