Em 2011/12, o cereal do pão ocupou 774 mil hectares no estado,tradicionalmente o maior produtor nacional. A queda foi de 26% em relação àárea da safra anterior. Rio Grande do Sul cultivou 200 mil hectares a mais queo Paraná, com expansão de 5%, mas acabou colhendo 1,8 milhão de toneladas devidoa problemas climáticos – 300 mil toneladas a menos do que a safra paranaense.No final das contas, a produção nacional foi 26% menor, limitando-se a 4,3milhões de toneladas.
Diante de um cenário de quebra nos principais países produtores detrigo, como Rússia e Argentina, a oferta foi comprimida e os preços alavancadosno último ano. Em fevereiro, a média paga ao produtor no Paraná foi de R$ 39,84por saca, conforme a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Dozemeses antes, o valor era de R$ 23,43. A variação foi de 70%. Na comparação dopreço atual (R$ 39,50/sc) com a média de março de 2012, a variação é de 60%.
O reajuste dos preços mínimos, anunciado na semana passada pelogoverno federal, assegura aumento no cultivo, avalia Hugo Godinho, técnico daSeab. “O problema do trigo muitas vezes acaba sendo mais de liquidez do que depreço. Com uma garantia para os custos variáveis, pode haver reflexos na área”,avalia. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) elevou em5,99% o índice de pagamento mínimo pelo cereal, para R$ 531,00 por tonelada.
A Seab estima que a triticultura ocupe 827 mil hectares neste invernono Paraná ( 7%).“Alguns produtores ainda não planejaram a produção, então ovalor tende a subir”, relata Godinho. Ele salienta que as regiões Oeste,Centro-Oeste, Sudoeste e Sul do estado devem puxar o aumento de área plantada.
Para a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), o fato doPlano Safra de Inverno ter sido anunciado antes da época de plantio favorece oganho de área. “O lançamento é oportuno, pois no ano passado o anúncio foitardio, quando muita gente já havia plantado”, disse Robson Mafioletti, assessortécnico-econômico da Ocepar.
O trigo não compete necessariamente com o milho de inverno. Noscálculos da Seab, o trigo tem 1,9 milhão de hectares utilizáveis, área que hojeé ocupada apenas com cobertura verde. “Mesmo se o trigo voltasse a ocupar 1milhão de hectares não haveria impacto no milho segunda safra. Tem área desobra”, avalia Eugênio Stefanello, técnico da Companhia Nacional deAbastecimento (Conab) no Paraná.