A maior comercializadora chinesa de soja, o grupo Sunrise, irácancelar a compra de quase 2 milhões de toneladas do produto devido ao atrasoprovocado pela falta de infraestrutura no Brasil.
Segundo o gerente responsável pela divisão de soja do grupo, ShaoGuori, apenas 2 de 12 navios previstos para chegar com a mercadoria na Chinaentre janeiro e fevereiro haviam desembarcado no país asiático.
A empresa pretende cancelar os outros que ainda não chegaram."Nós não recebemos estas cargas. É um default [descumprimento do contrato]por parte do fornecedor não embarcar no prazo", afirma Shao.
O gargalo logístico tem ficado ainda mais evidente neste ano de safrarecorde de grãos no país. A falta de infraestrutura criou uma fila permanentede caminhões na entrada do porto de Santos.
Os caminhoneiros que fazem a rota Centro-Oeste/Santos estavam levandonove dias para completar o trajeto de 2.200 km que deveria ser feito em seisdias.
"Os portos estão trabalhando acima de sua capacidade operacional,fato que tem atrasado o descarregamento dos grãos e ocasionando,consequentemente, elevações nos custos de transporte", destacou aconsultoria Clarivi.
Além da grande safra, que está no pico da colheita, a grandemovimentação no porto reflete o problema de falta de armazenagem de grãos nopaís.
Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil temcapacidade para estocar 148 milhões de toneladas de grãos --entre silos eestoques públicos e privados. Serão colhidos, no entanto, 183 milhões detoneladas.
Fonte: Folha de S. Paulo