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Milho Bt: Desafios da Tecnologia (Fundação MS)

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Desde a liberação do uso de plantas geneticamente modificadas noBrasil, os agricultores utilizam esta tecnologia ano a ano. As plantasmodificadas com genes de Bacillus thuringiensis (plantas Bt) possuem genes cryque codificam proteínas Cry, letais para alguns insetos, como lagartas delepidópteros. Com a ingestão destas toxinas, várias espécies de lagartas morremsem a necessidade da aplicação de inseticidas

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Para que haja o controle destas pragas, é necessário que estas sealimentem da toxina. Após sua ingestão, há um complexo processo até sua morte.Inicialmente ocorre a ativação da protoxina no intestino do inseto em sua formaativa, o que depende de pH alcalino (meio básico). A proteína ativa se liga aoseu receptor específico nas células do intestino médio do inseto, acarretando aformação de poros ou perfurações e ruptura das células, culminando com a mortedo inseto por infecção generalizada. As lagartas mortas ficam moles,enegrecidas e não há ruptura de seu tegumento.

Como podem observar, o modo de ação da toxina é pH dependente. Assim,algumas espécies de lagartas não são facilmente atingidas por estas toxinas. Aslagartas do gênero Spodoptera spp. possuem um pH do trato digestivorelativamente mais ácido do que de outras lagartas, o que dificulta seucontrole com estas toxinas Cry. Assim, a primeira decisão que deve ser tomada équal a tecnologia que será utilizada na área. Para isso, é necessário oconhecimento das principais pragas e dos materiais de milho adaptados para aregião.

A rotação de tecnologias disponíveis no mercado também é fundamentalno manejo de pragas controladas pelas plantas Bt. Os produtores precisamentender que o uso de plantas com a tecnologia Bt é como se houvesse aaplicação constante de um inseticida na lavoura. Se pensarmos que este produtoestá em contato com as pragas 24 horas por dia durante todo o ciclo da cultura,dá para ter ideia do tamanho da pressão de seleção que estamos exercendo sobreas pragas. O uso continuado do mesmo material, com o mesmo gene Bt, possibilitauma evolução da resistência da população daquele local. A partir daí, serápossível observar surtos cada vez maiores de pragas antes controladas pordeterminada tecnologia. O ideal é fazer o rodízio de genes Bt, pois cada toxinaatua em um receptor específico no inseto e, com sua rotação de uso, dificulta oaparecimento de populações resistentes a esta tecnologia.

Outro aspecto fundamental é o plantio de áreas de refúgio. Estas áreasdevem ser cultivadas com milho convencional. Com isso, haverá a reproduçãoentre indivíduos da área de refúgio (insetos que não estão em contato com atoxina) e indivíduos da área cultivada com plantas Bt. O resultado destecruzamento reduzirá a porcentagem de eventuais insetos resistentes napopulação. Com isso, o controle da praga será garantido e a tecnologia poderáser utilizada em outros anos agrícolas. É importante salientar que esta deveser uma estratégia adotada por todos os produtores. Não adianta algunsprodutores plantarem a área de refúgio e os outros não, principalmente osvizinhos.

As plantas Bt são eficientes no controle de pragas, e não há casos deresistência de insetos tecnicamente confirmados no Brasil. No entanto, o usodesta tecnologia requer o seu correto posicionamento, levando em consideraçãoos cuidados citados acima. Com isso, cada um dos eventos da tecnologia Bt teráuma vida útil maior e sua eficiência assegurada.

Fonte: Fundação MS

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