“Os caminhões graneleiroscarregam em Mato Grosso em desacordo com o que os terminais aqui possamreceber”, ressaltou Morel em entrevista na sexta-feira (22) à Agência Brasil. Oque ocorre, segundo ele, é que parte da carga de soja, antes embarcada pelo Portode Paranaguá (no litoral do Paraná), passou este ano a ser embarcada pelo Portode Santos. E o problema se agrava, de acordo com Morel, por causa dessalogística da safra de grãos.
“A rodovia é feita para o fluxoser contínuo. O porto aqui tem capacidade para receber essa carga que estásendo movimentada. O problema é que o tráfego de granel (quando a mercadoria étransportada sem necessidade de embalagem ou acondicionamento tais como grãos,cereais, carvão, fertilizantes e sal) não tem logística. Então os caminhões vempara cá, para o porto, sem programação. E os terminais não conseguem atender. Equando os terminais não conseguem atender, os caminhões param na estrada e issoacaba causando muito congestionamento”, explicou.
De acordo com a Ecovias, concessionária que administra o SistemaAnchieta-Imigrantes, os congestionamentos na Rodovia Cônego Domênico Rangoni,principal via de ligação portuária para chegar à margem esquerda do terminal doPorto de Santos, tem apresentado congestionamentos constantes, em média, de 20quilômetros.
Para Morel, uma das soluções para o problema seria o uso de pátiosreguladores nos terminais de granel. “Nem todos os terminais graneleiros estãousando os pátios reguladores. O que é o pátio regulador? O caminhão sai lá daorigem, vai para o pátio regulador e só vai para o porto quando recebe aconfirmação do terminal de que será atendido. Alguns terminais de granel nãoestão usando os pátios reguladores e, então, os caminhões vêm para a zonaportuária congestionando as vias. Com a utilização dos pátios, essa situaçãopoderia se amenizar”, disse. Morel defende também que sejam criados mais pátiosde estacionamento e que se invista em silos e armazenagem.
Ontem (21), atendendo a uma ação civil pública do Ministério Público,a Justiça de São Paulo proibiu, em caráter liminar, que os caminhões continuemestacionando no acostamento da Rodovia Cônego Domênico Rangoni. A decisão foiassinada pelo juiz Ricardo Fernandes Pimenta Justo, do Guarujá.
Em sua decisão, o juiz deu o prazo de 48 horas para que a SantosBrasil Participações adote medidas necessárias para impedir que os caminhões,com destino aos seus terminais de contêineres, parem ou estacionem noacostamento e vias de rolamento da rodovia, sob pena de multa de R$ 50 mil porcaminhão que descumprir a decisão. Para o juiz, a empresa usa a “estrada comoárea de estacionamento”, em vez de “reduzir o número de agendamentos diários decaminhões ou disponibilizar um local adequada para o estacionamento”.
Segundo o diretor da empresa, a Brasil Santos tem um fluxo ordenado deoperações, todas elas agendadas. Além disso, segundo ele, a empresa tem umbolsão de estacionamento com capacidade para 250 caminhões. “Esse bolsão estávazio porque os caminhões não conseguem chegar aqui na Santos Brasil”, disse.Morel informou que a empresa ainda não foi notificada sobre a decisão, mas quepretende recorrer. “Ainda não fomos notificados, mas assim que isso ocorrerpretendemos pedir imediatamente a cassação dessa liminar”, declarou.
Fonte: Agência Brasil