Ao lado de ex-presidentes da república, ministros, executivos degrandes corporações, embaixadores, governadores, banqueiros a missão brasileirana terceira edição do Fórum Estratégico Palm Beach - organizado pelo TheInternacional Economic Forum of the Americas - é a de mostrar como o país estáconseguindo exportar para o mundo lições do crescimento agropecuáriobrasileiro. Silvio Crestana, ex-presidente da Embrapa e pesquisador da EmbrapaInstrumentação (São Carlos, SP) apresenta, naquele evento, as razões pelas quais o Brasil estádesempenhando este papel na economia global. É a primeira vez que o temaagricultura entra na pauta de discussão do Fórum.
O evento teve início ontem (8) e segue o dia todo de hoje (9) nacidade de Palm Beach, Flórida, nos Estados Unidos e vai reunir líderes dopensamento econômico e político de várias partes do mundo para discutir “OCaminho para o Crescimento Econômico”. O objetivo do Fórum é promover a melhorcompreensão das oportunidades e desafios em jogo no mercado global e aindafornecer uma plataforma para reuniões de negócios em uma ampla gama de setores,incluindo bancos e finanças, para alavancar o desenvolvimento econômico.Durante o evento estão sendo discutidas questões chave nas áreas de finanças,inovação, energia e comércio, entre eles, o investimento em recursosrenováveis.
"O Fórum cria uma oportunidade para os delegados de alto nívelouvirem dos líderes do pensamento, acima de tudo, os vários temas críticos queafetam como eles se movem para a frente", diz Nicholas Remillard,presidente e CEO do Fórum Econômico Internacional das Américas e do ForumEstratégico Palm Beach. O Fórum cresceu e se tornou um marco na organização quereúne mais de cinco mil delegados e mais de 200 palestrantes.
Evidenciar a revolução agrícola do Brasil e depois mostrar como o paísaprendeu as lições para se tornar a potência que é atualmente são as duasvertentes nas quais o ex-presidente da Embrapa Silvio Crestana foca suaapresentação no evento.
Com base em dados do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior, o pesquisador afirma que, com o emprego da ciência e tecnologia, opaís apresentou um crescimento significativo na produção de grãos, sem contudoter de aumentar a área plantada em grandes proporções. No período de 1975 a2011 a produção aumentou em 230%, enquanto a área cresceu apenas 31%. Aprodutividade foi 150% quilos por hectare. Em 1975, era de 1.100 quilos porhectare e passou para 3.200 em 2011.
Os números da produção animal também mostram o potencial do país e aimportância no mercado global. De acordo com Crestana, a produção de carne defrango cresceu 275%, a suína em 150% e a bovina em 74%. Na área vegetal, odestaque é para a produção de etanol, cujo aumento foi de 270%. Em 2001, aprodução representou na balança comercial US$ 24 bilhões passando para US$ 95bilhões em 2011. “A exportação do agronegócio foi de 300%. Atingimos 180mercados com novos produtos”, avalia o pesquisador, lembrando que o país é oterceiro maior exportador mundial, ficando atrás dos Estados unidos e UniãoEuropeia.
Crestana ainda apresenta a participação da agricultura familiar naeconomia brasileira, de onde vem 60% da produção de suínos, 50% de frango, 46%de milho, entre outros, ocupando uma área de 106,8 milhões de hectares, nosquais trabalham 12 milhões de produtores, sendo 1/3 do sexo feminino.
Para o pesquisador, o sucesso da agricultura brasileira se deve a trêsfatores combinados: genética, mecanização e escala, além de contar comtécnicas, como a de plantio direto e condições que permitem o país a ter duassafras anualmente, sem irrigação – safra e safrinha. “Isso permite ao Brasilfornecer proteína vegetal, que alimenta uma indústria de carne competitiva”, diz.
A segunda vertente apontada pelo cientista por ser responsável pelocrescimento agropecuário é o fato de que o Brasil trabalhou duro paraconquistar o lugar que ocupa atualmente no cenário mundial. “São liçoes queforam aprendidas ao longo da história. A agricultura é o maior negócio doBrasil”, afirma. Além dos recursos naturais disponíveis no país, Crestanalembra que outros fatores também contribuíram para o avanço da agropecuária,como a adoção de políticas públicas, construções institucionais – conhecimentotropical gerado nos centros de pesquisas – empreendedorismo migratório dosagricultores – migração do Sul para o Centro-Oeste, que permitiu a exploraçãodo Cerrado.
A produção de fibras, cana-de-açúcar, gramíneas, técnica de plantiodireto, desenvolvimento de pesquisas como o controle biológico e fixação denitrogênio são outras conquistas da agricultura tropical apontadas por ele eresponsáveis por colocar o Brasil em evidência. “Os avanços obtidos têmimpactos econômicos e sociais e refletem no IDH – Índice de DesenvolvimentoHumano – trazendo melhoria de renda, saúde e emprego.
Histórico
O Fórum Estratégico Palm Beach é uma organização sem fins lucrativos,que promove o diálogo sobre questões nacionais e globais. É realizado sob acoordenação do Fórum Econômico Internacional das Américas, fundado em 1995 porGil Remillard, o ex-ministro da Justiça de Quebec. A organização tem comoobjetivo promover a troca de pontos de vista e perspectivas sobre questõeseconômicas de nosso tempo entre os líderes mundiais, especialistas renomados eexecutivos de negócios.
O Fórum Econômico Internacional das Américas trabalha em estreitacolaboração com organizações internacionais como a OCDE, o FMI, o BancoMundial, UNESCO, bancos de desenvolvimento, bem como empresas líderes,universidades e autoridades locais e nacionais . O Fórum realiza trêsconferências anuais: a Conferência de Montreal, o Fórum de Toronto para CidadesGlobais e o Fórum Estratégico Palm Beach. O Fórum também publica uma revista evários livros sobre uma grande variedade de questões, incluindo a gestãoempresarial, economia mundial, e de governança.
Fonte: Agronotícias