A falta de trigo no mercado brasileiro faz elevar o preço do produto,animando os agricultores a investir ainda mais no manejo dos trigais. Os doisprincipais estados produtores do cereal vivem situações distintas nesta safra.Enquanto no Paraná a geada causou estragos, no Rio Grande do Sul, por sersemeado mais tarde, o trigo está sendo beneficiado pelo clima mais frio que onormal.
Para suprir a demanda os moinhos aguardam a colheita, pois até naArgentina, tradicional exportador de trigo para o Brasil, não há estoque para avenda e o produto de outros mercados está com preço elevado.
Segundo o operador de Mercado da Corretora JF, Antonio Cardoso Garcia,a situação de hoje é pontual, gerada pelo estoque baixo e a falta de recursospara financiar estoque. “O mercado vai estar comprador no final da safra,porém, em janeiro, deve alinhar com preço internacional”, pontua Garcia.
Sobre a iniciativa dos agricultores cuidarem ainda mais a lavoura,pois terá mercado para o seu produto assim que colhida, Garcia afirma que osprodutores que plantaram cultivares que necessitam de investimento no campoprecisam aplicar na lavoura o que esse material necessita para responder a suagenética. “Ter trigo bom independe do ano. Se tiver trigo com qualidade emépoca de sobra de trigo terá preferência de compra. Se não tem trigo e tivertrigo bom vai ganhar mais. O produtor não pode pensar no mercado” destacaGarcia, indicando que o foco deve estar em cuidar bem da lavoura.
Para o analista de Mercado da Safra Sul, José Gilmar de Oliveira, aquebra no Paraná chega a 30% em volume, porém de trigo realmente útil para osmoinhos a perda chega a 50%. De 2,7 milhões de toneladas a expectativa é colher1,3 milhão de tonelada de trigo. Mesmo assim, para as lavouras onde a geada nãoatacou com tanta intensidade é preciso redobrar a atenção. “Os produtoresprecisam tomar mais cuidados, aplicar fungicidas para não deixar entrardoenças. Na região de Ponta Grossa vai chegar a quatro mil quilos por hectarefácil”, garante Oliveira.
De acordo com o diretor da Biotrigo Genética, André Cunha Rosa, achuva lavou o nitrogênio aplicado em lavouras no Paraná, por isso é precisorepor o nitrogênio onde se escapou da geada. “Tem muita gente que plantou tardepor diversas razões. Estando na fase vegetativa é preciso repor o nitrogênio.Além disso, precisa entrar com fungicida para administrar a giberela na espigase houver previsão de chuva, principalmente, no espigamento”, afirma Rosa.
Já no Rio Grande do Sul o clima até o momento está ótimo para acultura do trigo, porém estão sendo constatados pontos de ferrugem na regiãodas Missões. Então, a orientação é monitorar diariamente e fazer aplicações defungicida preventivamente para não ter perdas na lavoura. “A ferrugem já estáaí e se espalha rapidamente com o vento e o clima favorável, dessa forma émelhor prevenir”, ressalta Rosa.
Fonte: Grupo Cultivar