O mercado japonês abre-selentamente para a carne suína catarinense. Desde julho (quando anunciada aabertura do Japão) até dezembro, a Cooperativa Central Aurora Alimentos, umadas primeiras a exportar, embarcou 125 toneladas. Em janeiro embarca mais 75,fechando 200 toneladas, nessa etapa. Esse esforço exportacionista é pequeno, emtermos de comércio exterior, mas, representa 60% das vendas do Brasil ao Japão.
– O potencial de crescimento éenorme, mas a jornada será gradual – assinala o presidente da CoopercentralAurora, Mário Lanznaster.
Ele diz que é preciso calma paraconquistar credibilidade e confiabilidade para o produto brasileiro acessar omercado japonês de carne suína. Critica as previsões exageradas do governoestadual, segundo as quais essas exportações atingiriam 80 mil toneladas nesteano.
Para dar uma ideia dacomplexidade da operação, o dirigente informa que, antes de fechar o primeiroembarque, a empresa recebeu três visitas técnicas do importador e a equipe deexportação trabalhou em conjunto com as áreas de qualidade, planejamento daprodução e indústria, sob orientação dos clientes, na definição correta dospadrões dos cortes e das embalagens de acondicionamento do produto. Trata-se deuma produção específica, detalhista com muitas exigências no processo atéalcançar o produto demandado pelo mercado Japonês, para a qual a Aurorainvestiu R$ 120 mil em equipamentos e contratou mais 36 trabalhadores.
A unidade FACH1 da Aurora, emChapecó, está habilitada para exportação para o Japão. A Aurora preparou-se emtodos os setores, principalmente no processo industrial, para atender osrequisitos do mercado. Desenvolveu cortes específicos de acordo com osclientes, alguns dos quais são os mesmos importadores de carne de frango, o queaproveita uma relação comercial consolidada.
Os produtos embarcados sãobarriga, copa, filezinho, lombo, carré, paleta e pernil. Além das 200 toneladasvendidas, há outras 460 estocadas para os negócios em curso. O trasladomarítimo até o destino demora 40 a 45 dias. Esses cortes são industrializados eporcionados (acondicionados em pequenas porções) no Japão e, só depois, chegamaos consumidores finais. Isso significa que, da produção ao consumo, o processodemora cerca de 120 dias.
Lanznaster observa que o Brasiltem poder competitivo lastrado em sanidade, estrutura de plantas industriaismodernas, preço, qualidade e tradição de pontualidade, comprovada nofornecimento de carne de frango há mais de 30 anos.
O gerente geral de exportaçãoDilvo Casagranda explica que o Japão não aumentará o volume de suas importaçõesapenas por que abriu o mercado para o produto brasileiro. O Brasil disputa ofornecimento para o mercado japonês, hoje abastecido por Estados Unidos,Canadá, Dinamarca, México e Chile.
Somente o preço não é o fatordecisivo, pois o Japão estabeleceu, para proteção da produção doméstica desuínos, o sistema “gate price”. Ele permite fixar taxas variáveis de importaçãode acordo com o preço de chegada do produto importado, o que equaliza os preçosde importação com aqueles do produto nacional japonês e o de outros paísesexportadores da carne suína. Dessa forma, prevalecerão os fatores qualitativos.
O país importa cerca de 1,2milhão de toneladas de carne suína por ano, mas, o Brasil participará da disputa apenas da fatia de carne congelada, atualmente emtorno de 500 mil toneladas por ano. A parcela da carne cozida (em torno de 400mil toneladas anuais) ainda é muito incipiente no conceito produtivobrasileiro. Por isso, a China e outros países asiáticos continuarão osprincipais fornecedores.
Por outro lado, Estados Unidos,Canadá e Chile continuarão fornecendo 300 mil toneladas de carne resfriada,demanda que o Brasil não está apto a atender por questões de logística deentrega: especialmente à distância Brasil-Japão.
O gerente geral de exportaçõesalerta que, apesar da abertura de novos mercados mundiais, os efeitos econômicosserão lentos e gradativos.
– Essa nova situação não alterade imediato o mercado, que continua estável em consumo, restrito em negociaçõescomerciais e necessitando de muito empenho de todos os elos da cadeiasuinícola, para obtermos melhores resultados – afirma Casagranda.
MB COMUNICAÇÃO