A Secretaria de Estado daAgricultura e da Pesca, por meio do Centro de Socioeconomia e PlanejamentoAgrícola - Epagri/Cepa, divulgou nesta terça-feira (11.02), um relatório dasituação das principais lavouras de verão. Em Santa Catarina, essas lavouras,de modo geral, foram beneficiadas pelo comportamento do clima, durante operíodo de desenvolvimento vegetativo. O volume de chuvas foi suficiente paragarantir um crescimento vigoroso das plantas. A partir de meados de janeiro, noentanto, o volume das chuvas foi menor em todas as regiões, com precipitaçõesrápidas e localizadas, típicas de verão.
Este fato associado à forteinsolação e ao calor reduz muito a disponibilidade de água no solo, causandoestresse nas plantas e consequentemente prejudicando o desenvolvimento dasmesmas, especialmente as lavouras plantadas mais tarde. Com as altastemperaturas os animais também se alimentam menos e reduzem seu crescimento esua produção. Apesar disso, a expectativa ainda é de que se confirme a previsãode colheita de uma boa safra, inclusive, em algumas regiões há possibilidadedas produtividades médias ultrapassarem a estimativa inicial, principalmente,para as lavouras plantadas mais cedo, cuja produtividade já estava consolidadaantes da estiagem e do calor registrado no estado.
Em diversos municípios,principalmente do Extremo Oeste, o transporte de água para o abastecimento degranjas de aves, suínos e leite está sendo feito pelos produtores com apoio dasprefeituras, o que está acarretando custos elevados.
Milho
Considerando que os produtorescatarinenses estão optando por variedades de ciclo mais curto e com base nadistribuição do plantio, segundo as estimativas do Epagri-Cepa são de que cercade 80% da área cultivada esteja na fase de maturação avançada, período em que ocalor e a deficiência hídrica pouco interfere na produtividade. Os 20% aindavulneráveis, aproximadamente 6% (milho do tarde) poderá ter perda maisrepresentativa, se não chover nos próximos dias. Estas perdas irão se agravandoaté que chova abundantemente e de forma generalizada em todo o Estado.
Aproximadamente 5% da áreaplantada foi colhida até a primeira semana de fevereiro e as produtividadesmédias registradas estão acima da média estimada inicialmente. A estimativa doEpagri-Cepa para a safra do cereal aponta para uma produtividade médialevemente superior a expectativa inicial de 6.886 kg/ha. Caso as estimativas seconfirmem, a produção total de milho grão em Santa Catarina, em 2014, alcançará3,3 milhões de toneladas.
Soja
O plantio da soja se concentra noperíodo entre meados de outubro e a primeira semana de dezembro, por isso ascondições climáticas no mês de janeiro é muito importante para odesenvolvimento desta cultura. Grande parte da área cultivada está na fase defloração e formação do grão neste mês. O calor excessivo e a deficiênciahídrica neste período são indesejáveis e deverão causar perdas na produção.Felizmente a falta de chuva não é generalizada e as lavouras estão bemformadas, além disso, a cultura tem um poder de recuperação muito bom, caso chovanos próximos dias.
Na fase inicial dedesenvolvimento da lavoura era esperado um rendimento médio de 3.171 kg/ha,1,6% superior ao rendimento médio do ano anterior. Na primeira semana defevereiro, a expectativa é de quebra na produtividade, preliminarmente,estimada em cerca de 3.000 kg/ha, configurando uma perda relativa ao redor de5%. Com isso, a produção total da oleaginosa deverá ser de aproximadamente 1,63milhão de toneladas.
Feijão
A metade da safra catarinense defeijão (1ª. safra) já foi colhida. Na maior parte do Estado a colheita já foiencerrada, contudo, na região com maior produção – Meio Oeste Catarinense – acolheita ainda está no início. O clima dos últimos meses impactou de maneiradiversa o desenvolvimento da leguminosa, mas, no geral pode-se afirmar que oexcesso de chuvas no início do plantio e a seca na fase de floração prejudicoubastante a qualidade do produto, bem como o rendimento médio de algumaslavouras. No Alto Vale do Itajaí, por exemplo, as perdas chegam a 40%.
Nas regiões do Extremo Oeste eOeste Catarinense o plantio do feijão safrinha já foi iniciado, embora as altastemperaturas e a falta de chuva venham atrasando esta atividade, bem como odesenvolvimento das áreas que foram plantadas. O maior problema para osagricultores é o preço do produto, que está bastante ruim, principalmente parao feijão carioca, que apresenta uma queda de 56% em comparação com o mesmo períododo ano passado.
Arroz
Dependendo do estágio em que seencontra a cultura, o excesso de calor ocorrido nas últimas semanas poderáinfluenciar na produtividade e qualidade do grão, podendo ocasionar algunsdanos ao setor. A condição da safra 2013/14 é a seguinte: no Litoral NorteCatarinense, a lavoura que, costumeiramente, já deveria estar colhida, o quenão ocorreu devido à presença do frio no início do plantio, retardando plantio,o que acabou influenciando no ciclo vegetativo da planta, tem cerca de 30% jácolhidos; no Sul Catarinense, tem cerca de 8% da área colhida, sendo 5%correspondente a microrregião de Criciúma, 3% a microrregião de Araranguá,enquanto na microrregião de Tubarão, as atividades de colheita iniciará napróxima semana.
Fumo
Atualmente, cerca de 80% das lavourasde fumo encontram-se colhidas. A produtividade desta safra foi muito boa sendoque o clima não prejudicou o desenvolvimento das folhas, de uma maneira geral.O problema dos fumicultores reside na definição dos preços a serem praticados,uma vez que embora tenha havido diversas reuniões entre as fumageiras e aAfubra, ainda não se tem um preço acordado.
Banana
A cultura da banana devido assuas características sofre menos com a estiagem. Entretanto, devido àstemperaturas altas e a pouca umidade no solo há um aceleramento no crescimentoda planta, encurtando o seu ciclo vegetativo e consequentemente a oferta doproduto aumenta, havendo uma tendência de os preços baixarem.
Maçã
A colheita dos cultivaresprecoces: Royal, Eva e Condessa já está concluída. As atenções, no momento, sevoltam para o cultivar Gala que está apenas iniciando essa atividade. A maçãpossui raízes profundas e não sofre tanto com a estiagem. Observa-se em todasas regiões produtoras que os frutos colhidos são de boa qualidade e de calibresmaiores, com a expectativa de preços melhores para o produto dessa safra.
Mandioca
Os produtores seguem otimistasquanto ao andamento da safra 2013/14, considerando-se que, as lavourasplantadas, no Estado, mesmo com a pouca incidência de chuvas neste momentoatual, apresentam bom desenvolvimento vegetativo.
Hortaliças
A maioria das hortaliças,especialmente as foliosas e as brássicas (couve flor, brócolis, repolho, entreoutras) são espécies pouco resistentes ao calor. A época de produção maisapropriada para as mesmas vai de abril a novembro. No entanto, algumasvariedades são mais resistentes e produzem também nos meses mais quentes.
Nestes casos é imprescindível ouso de irrigação e, também, um sistema de proteção contra a excessiva radiaçãosolar, mesmo assim é difícil produzir. Devido ao elevado custo do investimentomuitos produtores ficam impossibilitados de produzir nos meses mais quentes.Aqueles produtores que assumem risco e plantam fora das condições adequadas,tem grande probabilidade de terem prejuízos, decorrentes dos atuais fatoresclimáticos.
Leite
O crescimento das pastagens reduzsubstancialmente com o calor intenso e baixa umidade no solo, porém arecuperação é muito rápida depois da chuva. Neste caso, as chuvas típicas deverão, embora localizadas, tem mantido a qualidade da forragem condiçõesrelativamente boas. Mas, o calor incomoda os animais alterando a rotina dosmesmos, fato que implica na redução da produção. A estimativa do Epagri-Cepaaponta para uma diminuição da produção de leite, em Santa Catarina, entre 4 e7% no mês de janeiro.
Neste mês, a redução deveráocorrer novamente e de forma mais intensa. Historicamente a produção de leiteentregue às indústrias, começa reduzir a partir do mês de fevereiro.Particularmente neste ano, caso as atuais condições climáticas perdurem, a quedada produção comercial poderá chegar a 10%, em relação ao mês anterior.
Secretaria de Estado daAgricultura e Desenvolvimento Rural de SC