Projeção da CONAB para a safra de trigo brasileira em 2012/13 (atualmente sendo colhida) foi fortemente rebaixada segundo o levantamento divulgado hoje. Isso vem em linha com as últimas declarações de corretoras e órgãos associativos de produtores que revelavam perdas em torno dos 30% nas diferentes regiões gaúchas.
De acordo com os dados divulgados hoje temos produção nacional estimada em 4,462 milhões de toneladas, isso significa uma redução de 10,8% em relação ao esperado no mês de outubro e 22,9% abaixo do colhido no anterior. Aproximando-se da finalização da colheita, será muito difícil que estes números sejam fortemente revistos.
Se observarmos somente o Rio Grande do Sul, principal fonte de variação do levantamento deste mês, temos queda de 15,6% na produção local comparado ao potencial descrito no mês anterior. Assim sendo o volume a ser colhido é de atuais 2,05 milhões de toneladas contra anteriores 2,430 milhões de toneladas. No ano passado a colheita foi de 2,7 milhões de toneladas.
Outro estado de grande variação foi Santa Catarina, atacado pelas mesmas intempéries do trigo gaúcho e com o potencial produtivo rebaixado em 30,5% comparado ao ano anterior, com colheita de apenas 163 mil toneladas.
Alguns pontos a se observar neste momento são:
1) a confirmação ou não dos negócios antecipados para exportação, sendo que boa parte contratada com mínimo de 12,5% de proteína podendo ser cancelada
2) Parte deste reduzido volume a ser colhido não possuirá aptidão para moagem, portanto não devem entrar em estatísticas de uso para tal
3) o trigo para alimentação animal (sem qualidade de ph ou falling number para uso industrial) encontrando mercados não só externamente como também internamente segundo relatos de moinhos gaúchos e catarinenses à AF News nesta semana
4) A importação será muito necessária e não apenas para melhoria de qualidade das farinhas, isso em um ano prestes a ter estoques mundiais rebaixados e com câmbio valorizado.
Não podemos creditar integralmente a forte redução ao clima, lembrando que tivemos 13,1% da área reduzida neste ano-safra. Ao mesmo tempo, temos cooperativas e moinhos expandindo capacidades de produção de farinhas de trigo, um grande contrassenso.
Fonte: AF News Análises